sexta-feira, 19 de novembro de 2010

Sobre série de TV As Cariocas

Assisti a apenas uma parte do episódio A internauta da Mangueira, exibida dia 16 de novembro de 2010, parte da série de TV As Cariocas, da Globo. O pouco que assisti me chocou pela naturalidade com que a violência é tratada em uma relação conjugal. De acordo com o que pude ver, pois que assisti do meio do episódio em diante, a história se passava no morro da Mangueira no Rio de Janeiro e o marido, apaixonado por futebol, descobriu que a mulher se comunicava mascarada na internet, com webcam, em poses sensuais, mantendo conversas eróticas com homens.
Um colega internauta do marido o fez ver que a mascarada era sua mulher. Então, seu plano de vingança consistiu em comprar uma arma, levar a mulher ao jogo de futebol do Flamengo, para matá-la depois. No inicio do jogo ele colocou o revólver apontado para a cintura da moça e disse que ela iria morrer depois. Durante o jogo, segundo a narração, por vezes o marido olhava para o corpo da amada e começava a ter consciência do que iria perder. Ela passou o jogo aterrorizada a seu lado.
Ocorre que como o time do coração venceu, ele decidiu perdoar, "afinal foi traição virtual". Assim, abraçou a mulher e eles terminaram na cama, bastante românticos, ambos. Ele comemorou a paixão na janela dando quatro tiros para cima, durante a madrugada.
Até antes do final, o espectador ficava pensando que ela teria uma reação de indignação, que iria depois deixá-lo, enfim, que aquele episódio da arma não fosse ser tão levemente superado. 
Apesar de não ter visto toda a trama, achei uma banalização tanto da violência como meio de resolver traição conjugal, como de um machismo primitivo, incluindo também a forma como a mulher foi retratada, como a "safada" e o homem como o macho ofendido, nessa condição, podendo tudo. Ao menos a parte que eu pude assistir passou essa impressão. Em suma, achei de um tremendo mal gosto aquela trama sobre um casal em crise de ciúmes, representado - aliás, muito bem pelos atores, sobretudo o ator. 
O casal  dispunha de um protocolo radical para resolver problemas: a eliminação física. A pena capital pôde ser suprimida sem maiores problemas diante da alegria do jogo e de um pensamento mais demorado sobre o que seria perdido... E pronto! Esquecida a promesssa fatal pelas cenas de amor subsequentes, fica-se com a impressão de um comportamento naturalizado, por parte de seres brutos.
Evidentemente, a qualidade técnica, a beleza das imagens, sobretudo as imagens do jogo, são sempre do "padrão Globo de qualidade". Tomara que as outras séries sejam diferentes. Pena que tão tarde da noite!


Um comentário:

  1. Concordo com vc. Aliás, vê-se frequentemente esse tipo de abordagem na tv. E o povão acaba se identificando e naturalizando o comportamento violento, banalizando-o. Vem aí a questão da liberdade de expressão. Fico confusa. Mas o post está ótimo.
    Ah! Sobre o nome do blog. Pesquisei "Sociologando Online" e não achei no google. Que tal?

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