terça-feira, 25 de setembro de 2012

Nos dois lados do Atlântico, um novo livro

Estamos lançando na Feira do Livro, no próximo dia 28, às 18 horas, pela Editora Paka-Tatu, o livro "Nos dois lados do Atlântico: trabalhadores, organizações e sociabilidade". Eis a apresentação:

Com um misto de gratidão, satisfação e honra, apresentamos esta coletânea, que é produto de uma rede acadêmica e institucional coordenada pela Universidade Federal do Pará, através do Programa de Pós-Graduação em Ciências Sociais (PPGCS), tendo como colaborador o Centro de Investigação em Sociologia Econômica e das Organizações, do Instituto Superior de Economia e Gestão da Universidade Técnica de Lisboa - Iseg/UTL-Socius. Essa rede se constituiu por meio da execução conjunta de projetos de pesquisa levados a efeito entre os anos de 2007 e 2011, com apoio do CNPq e da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Pará – FAPESPA. Da cooperação já havia resultado um primeiro livro, intitulado “Organização social do trabalho e associativismo no Contexto da Mundialização: estudos em Portugal, África e Amazônia”, lançado em 2010, publicado pelo Núcleo de Meio Ambiente (NUMA), da UFPA.

Encontram-se aqui estudos sociológicos e antropológicos realizados em Portugal, Moçambique e Brasil. Algumas de suas autoras e autores, vinculados a outras instituições, são nossos parceiros acadêmicos por meio de outras redes e, gentilmente, aceitaram participar desta produção. Todos os que assinam esta coletânea partilham um objetivo semelhante, que é contribuir para desvelar múltiplas manifestações da globalização econômica, em especial do ponto de vista do trabalho, das organizações de trabalhadores e das relações de sociabilidade que lhes são pertinentes. Em particular, aproxima-nos o interesse em analisar como se constituem associações, redes, grupos sociais, equipes, que exibem distintos graus de permanência e formalização. E, assim, verificar em que medida exprimem ligações substantivas entre os membros, conducentes à implementação de projetos colaborativos, de gestão organizacional e de geração de meios de vida autônomos e sustentáveis.

Enfocamos o trabalho tal como é vivenciado em diferentes meios sociais: mercado informal, empresas, organizações de saúde, artes, trabalho em equipes virtuais, trabalho autônomo e comunidades de pescadores artesanais e agricultores.  Examinamos territórios em constituição por parte de categorias rurais tão diversas quanto os assentados da reforma agrária no Estado do Pará, os agricultores no oeste de Portugal e os agricultores e pescadores em Moçambique. Em se tratando de organizações, redes sociais, equipes, “companheiros” de trabalho, promotores de desenvolvimento territorial, a dimensão da comunicação é incontornável, uma comunicação cuja premissa é o reconhecimento dos vários outros, direta e indiretamente envolvidos nas ações coletivas. As dificuldades de efetivo diálogo entre atores desiguais em poder, portadores de culturas e tradições diversas, são aqui consideradas.

Cumpre-nos registrar nosso agradecimento especial aos “informantes” nos diferentes campos de estudo, pessoas que generosamente compartilharam suas experiências e tornaram possível este livro. E, ademais, às agências financiadoras, sobretudo ao CNPq e à FAPESPA, pelo inestimável apoio.

Boa leitura!
Belém (do Pará) e Lisboa, 25 de setembro de 2012

Maria Cristina Maneschy
Ana Calapez Gomes
Ida Lenir Gonçalves

quarta-feira, 19 de setembro de 2012

Paisagens desarticuladas


Dois destaques apresentados hoje no jornal televisivo de maior audiência, Jornal Nacional, foram: as secas no sudeste do país e a tramitação do Código Florestal, ou melhor, da Medida Provisória do Código, aprovada na Câmara Federal e que seguirá para o Senado antes de ir à sanção presidencial. 

1) Sobre as fortes secas, imagens marcantes foram feitas em Nova Iguaçu, Rio de Janeiro, onde certas regiões penavam sem água há 15 dias; e Goiânia, também sujeita às secas a ponto de escolas serem fechadas. E a explicação, pelo menos para o RJ, era que os reservatórios naturais haviam baixado perigosamente com a estiagem.

2) Sobre a aprovação da MP do Código Florestal, o representante da Frente Ruralista, entrevistado, arriscava dizer que Dilma não vetará o texto, uma vez que ele foi aprovado por unanimidade. Um representante dos ambientalistas, Sarney Filho, clamava que o veto da presidente a alguns artigos, ao contrário, é necessário. Na matéria explicou-se que o texto aprovado admitia uma superfície de reflorestamento de áreas marginais a rios, por parte dos proprietários dessas terras, menor do que originalmente o governo gostaria de fazer constar no texto. 

Entre as duas matérias, a meteorologia tratou, ainda, das cheias de ontem no Sul, acompanhadas de geadas. Tempos complicados!

De olho na "telinha", nesta região de fartas águas, uma sensação de agonia impotente me veio, com a lembrança de uma função importante que a cobertura vegetal amazônica cumpre, segundo estudos, na regulação dos ciclos de chuvas no restante do país. 

Derrubadas às margens de rios e o enfraquecimento das medidas de conteção... As florestas relacionadas a chuvas como recurso comum, da sociedade brasileira, e a liberdade dos ruralistas nos limites de sua propriedade... Nada a ver com a mudança no Código Florestal? Nenhuma relação? No noticiário, com seu formato padrão, a relação não apareceu.