sexta-feira, 8 de março de 2019

8 de março: lembrando Lídia e Paulo

O dia da mulher existe porque nosso mundo preza desigualdades e concebe o poder como domínio. Uma das faces é a desigualdade de gênero que, no Brasil, se expressa em discriminações e, notadamente, em violência contra mulheres. Há quem considere que a religião cristã avaliza certa inferioridade da mulher, a quem caberia sobretudo a esfera dos cuidados e a submissão ao marido. Se essa é a visão da religião, não é de modo algum a do Evangelho!Jesus aprofundou os propósitos do Criador que fez homens e mulheres na sua imagem. Capacitados foram, ambos, para cuidar do mundo, faze-lo frutificar e ter prosperidade. A opressão das mulheres desvirtua o maior conceito de poder que herdamos dessa tradição: poder é servir! Jesus não só ouviu mulheres, como também esteve com elas em momentos cruciais de sua caminhada, naquela sociedade patriarcal em que mulheres eram socialmente inferiores. 
O Novo Testamento nos apresenta Lídia, comerciante de púrpuras que Paulo conheceu em Filipo e em cuja casa se hospedou. Ele a encontrou junto a um grupo de mulheres reunidas à beira de um rio. Esse grupo, liderado por Lídia, foi o berço da primeira igreja cristã que Paulo fundou na Europa!
De fato, há trechos das cartas paulinas com argumentos que soam estranhos do ponto de vista da igual dignidade de mulheres e homens, trechos sobre os quais há controvérsias de interpretação. Porém, o encontro com Lídia e seu lugar de honra na história primeira da Igreja na Europa, não deixam dúvidas da sua percepção de justiça social, e de gênero. Que o Espírito Santo nos ilumine com o discernimento de que toda opressão e toda injustiça nos diminui a todos. Mulheres e homens são co-partícipes da criação! Esquecemos o projeto original e vemos no outro, sobretudo na outra, objeto de nosso prazer, enfim, objeto de nossos próprios fins. Assim, comemorar o 8 de março é muito necessário! É preciso mostrar, criticar e educar para a igualdade. E lembrar que para as mulheres, muitas e muitas vezes a luta custou vidas, suores e lágrimas. O 8 de março se inscreve na utopia de sociedades justas e fraternas!!!