quarta-feira, 20 de julho de 2011

Uma poetisa em Pereru, São Caetano de Odivelas

No blog Pereruara (aqui), desvela-se uma poetisa residente na simpática vila de Alto Pereru, município de São Caetano de Odivelas na costa paraense. Seu nome é Antônia Barros. Suas palavras testemunham sensibilidade e delicadeza na percepção do seu entorno, do lugar e de sua gente, assim como uma grande força expressiva. Abaixo, trechos de alguns de seus poemas. O primeiro, fala assim de uma simples manga:

Sabor de Manga

Quando o vento varrer o chão
Despertando os primeiros frutos.
Te receberei com avidez de náufrago.
Todos os passarinhos saberão
Que és minha Fruta predileta.


Mojuinta

Margaridas, Joanas e Marias
Mulheres tão simples assim,
Guerreiras na luta da vida
Filhas do Rio Mojuim.

Elas estão chegando,
Pelas ruas e vielas
Escrevendo a sua História
As mulheres de Odivelas.

Mulheres que pescam,
Mulheres que plantam,
Mulheres que lutam,
Mulheres que sonham…


Autoria de Antônia Barros.

terça-feira, 19 de julho de 2011

Apelo na enxurrada

Moradora de uma das localidades atingidas pelas cheias nestes dias em Pernambuco, de 71 anos, disse em entrevista hoje de manhã, que acabara de perder sua casa, tomada pela enxurrada. Era uma casa que "já estava quase toda ajeitada" e ela, com renda mensal de R$ 250,00, não via o que fazer depois da perda. Com uma voz que a meu ver expressava crença e descrença ao mesmo tempo, disse esperar que os "homens da lei" poderiam vir em seu auxílio. Sabe-se que esses "homens" são caros de manter em operação. A lembrar, ainda, que parte dos recursos que eles gerenciam escoa por fora, em fluxos que deixam ainda mais longe o socorro que ela espera alcançar.

quarta-feira, 13 de julho de 2011

Efeitos das redes sociais

Ontem tive um grande apoio do mecânico que atende minha família há alguns anos, um apoio gratuito, pois ele me acompanhou durante toda a  manhã para comprar uma direção hidráulica. No percurso, lembrei-me que cheguei a esse mecânico por indicação de um colega de trabalho. Na perspectiva sociológica, digo que tive acesso a um recurso através de minha rede social, um recurso que estava imerso nessa rede, que eu não disporia sozinha, ou poderia até dispor com bem mais dificuldade. Com sorte, eu conseguiria logo chegar a um bom profissional procurando em catálogos ou na internet, sem  levar os esperados canos. A recomendação do mecânico pelo colega, acompanhada da dose de confiança que tenho por ele, poupou dissabores e me rendeu uma ajuda inesperada ontem.

Quanto, nas nossas movimentações de rotina, dependemos das nossas redes pessoais, formadas por laços próximos e distantes, com efeitos que se estendem no tempo e no espaço? São as redes informais, nas quais circulam bens e serviços, mas também dádivas e reciprocidades. É claro, nas redes há sentimentos de pertencimento, afinidades, simpatias pessoais, lealdades também. Mas esses não são ingredientes inevitáveis, pois nos laços mais periféricos de nossas redes, pessoas que apenas "conhecemos", ou nas redes às quais se vinculam os nossos contatos, os amigos de nossos amigos, também podem estar imersos recursos que vão se mostrar essenciais num dado momento, tirando-nos de uma enrascada, até nos conduzir a um emprego por exemplo, como observou Mark Granovetter, um dos principais teóricos da análise de redes sociais.

Nossa vida, portanto, depende de uma miríade de intervenções dos elos das nossas redes. E, assim, também nós contribuímos, consciente ou inconscientemente, de maneira gratuita ou interessada, para muitos outros a quem estamos ligados. Isso foi magistralmente ilustrado no cinema em A Felicidade Não Se Compra, de Frank Capra.

Com as novas tecnologias de informação e comunicação (TICs), nossas redes crescem em número de elos. Em que sentido nossas redes virtuais mesclam-se com nossas redes "presenciais"? Em que medida os interesses formais e objetivos que frequentemente induzem à formação das redes virtuais podem se transmutar em sentimentos de afinidade pessoal, incorporando as dimensões de reciprocidade, dádiva e sentido de pertencimento e lealdade com os demais elos? Isso é positivo do ponto de vista do balanço que conseguimos estabelecer entre nossas relações mais próximas - família e amigos principalmente - e as relações mais formais, "uniplex"? Uniplex, um termo da análise de redes sociais, são aquelas caracterizadas por um objetivo principal, a exemplo de uma relação de trabalho, ao passo que as relações multiplex envolvem conteúdos variados, como quando encontramos nossos colegas de trabalho na esfera do lazer, do esporte ou de um trabalho voluntário.

http://fgonit.blogspot.com/2009/10/as-redes-sociais-como-factor.html

Mais contatos significam mais tempo para mantê-los, para alimentá-los, salvo se, numa perspectiva estratégica, consigo otimizar meus laços sociais, mantendo bons contatos com pessoas que, por sua vez, possuem conexões chave para meus interesses, ao invés de dispersar meu tempo em ligações que não serão todas "úteis". Há uma literatura que enfatiza esse sentido instrumental das relações. Ela também discute o dilema de que, cotidianamente, as conexões mais eficientes são justamente aquelas estabelecidas sem a perspectiva instrumental, que se nutrem da gratuidade e do desinteresse. 

Muitos outros aspectos entram em jogo quando se pensa em termos de redes sociais. Um deles, o significado das relações informais entre pessoas e grupos muito desiguais em poder ou recursos. As redes pessoais, nesses casos, poderão ser ingredientes de estratégias de dominação, como ocorre no velho clientelismo ou paternalismo. Assim como redes implicam inclusão, elas também excluem: quem não é "dos nossos", quem não foi indicado por alguém, quem é isolado, quem não tem um "capital de relações".

Voltando ao episódio que vivi ontem, é bom de vez em quando a gente se perguntar em que proporção somos, representamos ou disponibilizamos recursos para outrem, comparativamente ao que recebemos, pedimos ou necessitamos dos nossos pares nas redes sociais.

terça-feira, 12 de julho de 2011

Diversidade no noticiário ameaçada

Gosto muito de assistir ao jornal noturno da TV Cultura, apesar de que a qualidade da imagem deixa a desejar. Ele aborda as manchetes do dia, assim como as concorrentes, mas acho que exibe maior variedade de temas, ou ângulos diferenciados sobre os temas, sobretudo se comparado ao congênere da Globo, com qualidade técnica muito superior. A abordagem diferenciada se dá no plano das manifestações culturais e artísticas no país e, especialmente, quando mostra iniciativas da sociedade civil para enfrentar ou solucionar problemas cotidianos, por exemplo, a violência, oportunidades de renda, educação e cuidados ambientais. Tem-se a impressão de que a sociedade brasileira é mais móvel e criativa do que quando se bate pesado mais na tecla da violência e da corrupção, apesar da profundidade desses problemas no Brasil e de sua necessária difusão. Por isso, é triste saber que a audiência da Cultura "vem despencando nos últimos anos", conforme  matéria publicada no site da Adital (confira aqui). A matéria analisa as medidas de reestruturação para enfrentamento da crise e discute algumas interferências políticas na gestão da emissora. Tomara que ela supere essa crise, pelo bem da diversidade na "telinha".

sexta-feira, 8 de julho de 2011

Sobre "medidas socioeducativas" para jovens infratores

Uma rápida vista nas fotos de pessoas presas na páginas policiais de qualquer grande jornal evidencia grande número de jovens, predominância de "pardos", magros e, em certa proporção, tatuados. Algumas vezes, a foto deixa ver algum cuidado com os cabelos e a roupa, na medida do possível, na moda. Alguns desses já estão na categoria dos "sem salvação". Outros, menos, talvez nem culpados, só suspeitos. Enfim, cabe à justiça decidir, desde que a justiça seja feita. Os olhares dos retratados guardam algumas semelhanças. Neles, a depender da generosidade do olhar do leitor, devisam-se cuidados faltantes no passado, cuidados que quem tem criança ou adolescente sabe dos desafios que é atendê-los, do aparelho nos dentes ao curso de inglês, para não falar dos mais básicos e dos que incluem vigilância e voz firme. As fotos, então, também falam de nós outros, da nossa cidade, nossa pólis.

Nesse sentido, é esclarecedor ler o artigo Juventude atrás das grades: A realidade dos adolescentes em conflito com a lei no Brasil (leia aqui). Ele trata das medidas corretivas para adolescentes infratores, o que não é o caso dos fotografados, já adultos. O artigo discute as várias medidas e argumenta que no Brasil prioriza-se a internação, mesmo em casos de atos sem uso de violência. O texto informa que em 2010 existiam no país 12.041 adolescentes cumprindo internação, o que representa um crescimento de 4,5% em relação ao ano anterior, seguidos de 3.934 em internação provisória e 1.728 em cumprimento de semiliberdade, com base em pesquisa da Secretaria de Direitos Humanos da Presidência da República. 

Um achado importante do estudo é que muitos jovens não deveriam estar no regime de internação, pois seus delitos não se enquadram nesse tipo de medida, pelos critérios do Estatuto da Criança e do Adolescente. A aplicação dos chamados programas de atendimento socioeducativo em meio aberto - a cargo de prefeituras e ONGs - é precária e insuficiente. Além de desrespeitos aos direitos humanos, é conhecida a ineficácia da internação se o que se pretende é a ressocialização; em muitos casos sai-se dela pior do que entrou, mais apto ao crime.

Dentre as medidas aplicáveis pelo Estado aos cidadãos entre 12 e 18 anos incompletos, segundo as circunstâncias e a gravidade do ato, duas chamam a atenção: 

Prestação de Serviço à Comunidade - O adolescente realiza tarefas gratuitas em hospitais, escolas ou entidades assistenciais. O prazo não pode ser superior a seis meses e as atividades devem ser cumpridas em uma jornada máxima de oito horas semanais.
Liberdade Assistida - Impõe obrigações ao adolescente, que deve ser acompanhado em suas atividades diárias (escola, família e trabalho) de forma personalizada. 

Se a gente suprimir algumas palavras, parecem recomendações de política social de apoio a jovens em situação de vulnerabilidade. O prestar serviço à comunidade propicia, de um lado, formação política, desenvolve sentido de solidariedade e compromisso social; de outro, educação, treinamento técnico, qualificação relacional, quem sabe até desenvolve capacidade de liderança. A imposição das obrigações, como está posto, implica em acompanhamento ao adolescente em suas tarefas. Novamente, trata-se de oportunidades educacionais. Nos dois casos, a pessoa seria alvo de atenção social; justamente, um ingrediente faltante em muitos momentos de sua vida. Essas medidas mereceriam, então, aplicação maior, não apenas a infratores. Porém, especialmente entre os que já cometeram as infrações, são oportunidades preciosas. Para a maioria dos que dela se beneficiassem efetivamente, figurar nas páginas policiais não seria a próxima conquista ao entrarem na vida adulta. Ao contrário, mais chances de optar por quais caminhos seguir na vida e de exercitar esse atributo caracteristicamente humano que é a responsabilidade pelos próprios atos e escolhas.

segunda-feira, 4 de julho de 2011

Da dificuldade de se colocar no lugar do outro

As sucessivas provas de corrupção na Assembléia Legislativa do Estado e da amplitude da rede de envolvidos, levanta novamente a pergunta sobre que condições favorecem o tão frequente afastamento de políticos do que deveria ser a própria matéria de seu mandato, isto é, a causa pública. Dentre os fatores, uma característica institucional merece atenção: os privilégios associados à condição de membro do Legislativo. Não falo dos salários elevados, mas dos benefícios extra-salariais, monetários e não monetários. Ao criarem uma disponibilidade tão generosa de serviços (e serviçais), favores e proteções, podem obliterar o senso da realidade social. Junto com o poder, não é preciso tomar ônibus, faltar a um tratamento de câncer por não poder pagar o taxi, esperar anos para fazer mamografia já com mais de 50 anos, os filhos perderem aula porque a rua encheu... É compreensível desenvolver uma auto-imagem de ser acima dos comuns mortais. 

Descompassos dessa ordem, portanto, reduzem a capacidade de se colocar no lugar do outro. São mundos incomensuráveis. Daí a sobrepor os interesses de um eu tão poderoso aos da plebe ignara, é um passo que muitos têm dado.

Capacidade de se colocar no lugar do outro ao exercer função pública foi expressa pelo ministro do STF (Supremo Tribunal Federal) Carlos Ayres Britto, durante recente entrevista. Ao se manifestar sobre o aborto em caso de feto anencéfalo, afirmou ele:  "se nós, homens, engravidássemos, a autorização para a interrupção da gravidez de feto anencéfalo estaria normatizada desde sempre". Brilhante reconhecimento das diferenças sociais e sensibilidade quanto à relatividade da própria posição de poder! As instituições políticas  ganhariam com mais exercícios dessa natureza.

Fonte da entrevista: http://www.ihu.unisinos.br/index.php?option=com_noticias&Itemid=18&task=detalhe&id=45002

domingo, 3 de julho de 2011

Encantados S.A., no Teatro Cláudio Barradas - vale assistir

Foi a maior curtição assistir hoje à peça Encantados S.A., do Grupo de Tetro da UFPA. O humor fino por vezes escapa às crianças pequenas, o que é compensado pelas fantasias coloridas e pelas expressões dos artistas, que estão super bem no espetáculo. Não há quase cenário, mas o colorido dos personagens preenche a maioria das cenas. Alguns atores dão um show de interpretação à parte. Vê-se uma profusão de personagens de contos de fada que formam uma organização situada em um mundo encantado. Eles costumam vir à terra manter a crença das crianças em suas histórias. Só que, além das qualidades que apresentam nos contos de fadas, eles também têm alguns "pequenos defeitos", como o de serem medrosos. 

O personagem principal é o humano Nhoque, parecido com o Pinóquio, e sua boneca de madeira, que ganha vida na história. É um menino tímido, que perdeu a mãe há muito tempo, e que vai parar,  por engano da Fada Azul - aliás sua mãe - na própria sede da organização. Os membros da organização (Porquinho, Madrasta, Bela Adormecida, João e Maria, Gigante, Príncipe Sapo, Gladiador, Branca de Neve, Pequeno Príncipe, Yasmin, Capitão Gancho, Lobo Mau, Patinho Feio e vários outros) são divididos em grupos de príncipes, vilões, fadas e os "restantes", um pouco como na Escola de Magia de Harry Potter, em que os alunos formam equipes. 

Como esperado, os vilões são de fato vilões, mas atrapalhados. Eles vão tentar usar a presença de Nhoque entre os encantados para tomar o poder, há 30 mil anos em mãos de um Fado. O enredo mistura cenas dos contos com tiradas sobre a vida na cidade, personagens de novela, de vídeo games e desejos comuns de todos nós. Muitas vezes me peguei rindo mais que meus vizinhos pequenos na platéia. Mas eles também riram um bocado.

sexta-feira, 1 de julho de 2011

As mulheres migrantes e a agricultura familiar

Uma característica demográfica que tem sido observada no Brasil é a masculinização da população rural. Os dados censitários mostram que entre 1991 e 2000, houve uma queda de 10% da população rural brasileira, sendo que para as mulheres, a queda foi de 11%. Em 30 anos, elas passaram de 48,7% da população rural para 47%. A saída se dá em maior proporção por parte de jovens com mais escolaridade, assim como para os jovens mais escolarizados. É importante compreender o que significa esse movimento. Esta postagem baseia-se no artigo "Muito trabalho e nenhum poder marcam a vida das agricultoras brasileiras", de Taciana Gouveia  (2007), que apresenta dimensões pouco conhecidas para quem não vive o cotidiano na agricultura familiar. 

A masculinização da agricultura é fenômeno complexo, no qual incidem muitos fatores, incluindo as estratégias de sobrevivência das famílias e a busca de maior autonomia pessoal por parte das mulheres que saem. Mas, é preciso notar que, migrando ou não, elas continuam agentes da unidade produtiva familiar. Essa posição não se traduz em igualdade de acesso à renda, ao patrimônio e aos poderes de decisão na produção. 

Apesar de elas deixarem o campo em maior proporção que eles, os estudos mostram que as mulheres não se desvinculam das famílias em sua terra natal. Muito frequentemente tem se constatado que elas enviam parte da renda para ajudar na manutenção dos parentes agricultores. A pesquisa atenta às dimensões de gênero constata, ainda, que a saída das mulheres não altera o padrão tradicional de divisão sexual do trabalho. Assim, Taciana Gouveia identificou que as atividades que cabiam à mulher que saiu da unidade produtiva (cuidar da casa, das crianças, a alimentação diária, plantio, processar os produtos agrícolas, os animais domésticos, etc.) não são assumidas indistintamente pelos remanescentes, homens e mulheres. São as mulheres que assumem os "trabalhos de mulheres", inscritos na esfera da produção e da reprodução.

Se a Constituição de 1988 reconheceu a trabalhadora rural e a pescadora com plenos direitos sociais, independentemente do vínculo familiar, no dia-a-dia elas permanecem dependentes do homem que está à frente da unidade produtiva, geralmente o pai ou o cônjuge. Prevalece um padrão patriarcal de organização social e de relações de poder na agricultura familiar, conforme a autora destaca.

Os dados da PNAD (Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios) de 2001, citados por Taciana Gouveia, relativos às pessoas de 10 anos e mais na agricultura (não só na categoria agricultura familiar), indicaram as seguintes participações em trabalhos não remunerados. Era nítida a desigualdade de acesso à renda monetária:


Mulheres
Homens
Atividades não remuneradas
39,25 %
17,71
Produção para consumo próprio
39,25 %
8,37%
 
As mulheres rurais são reconhecidas por investirem na diversificação de fontes de renda familiar, seja fazendo artesanato, beneficiando os produtos, produzindo para o consumo do lar, mais recentemente no turismo rural conforme a região... Elas também reforçam a renda quando estão fora da unidade produtiva, em caráter temporário ou permanente.

No Pará, em que condições elas migram? Elas vão para as grandes cidades, para as pequenas? Em que as migrações recentes se aproximam da tradicional migração de meninas do interior para "trabalhar em casa de família", como faziam as antigas "crias" retratadas por escritoras como Ana Lúcia Medeiros (Velas, por quem?) e Cora Coralina (Tesouros da Casa Velha). E a contrapartida da continuidade dos estudos na cidade?

Herdeiras de uma tradição de trabalho flexível no campo, que seguiam as flutuações das lides agrícolas, pesqueiras e do extrativismo, as jovens oriundas do meio rural por certo tendem a se inserir em trabalhos informais nas cidades da região, também flexíveis, instáveis, nos serviços domésticos, no pequeno comércio... almejando o emprego formal nos supermercados, nas lojas de departamentos, nos shoppings, enquanto prosseguem nos estudos.

Migrantes escreveram e escrevem muitas páginas de nossa história, extraindo borracha e outros produtos extrativos, nos garimpos e nos grandes projetos. Nesses setores, os homens costumavam ser maioria. E as mulheres? Eis um tema instigante de pesquisa, provavelmente revelador de muito empreendedorismo, de trajetórias de ascensão social, bem como de importantes fluxos financeiros que ajudam a sustentar vilas e vilarejos na região, junto com as transferências dos programas sociais e previdenciários.


P.S: Esta é a quinquagésima postagem do Sociologando!