quarta-feira, 27 de maio de 2020

Souvenirs de ton amour

Les souvenirs de ton amour
Sont des êtres singuliers
Ils s’attachent à des objets:
Chansons, lunes, heures, repas...
Repères du voyage avec toi
Ils évoquent ta présence et compagnie
Évocations d’autant plus tenaces
Que le vécu fut pour moi grâce.
Ta mémoire est encore présente
Lors de gestes quotidiens
La préparation d'un gâteau,
un plat raffiné, tisane au balcon.
Ou alors je découvre au tiroir oublié
Des rappels des travaux inconclus
À vrai dire, des morceaux de moi
S’attardant un peu trop près de toi.
Tout ce langage des choses partira,
Elles garderont de signes de beautés
Sans plus rappeler des tristesses
Juste des traces lointains de toi.
Sans évoquer des souvenirs
Les objets s’appauvrissent
Car un symbole d’amour
Est tout de même richesse!
Sois donc heureux ex-chérie
Je prends soin de cet héritage
Souvenirs dans mon entourage
Que je traduis en poésie.

Lembranças do teu amor

As lembranças do teu amor
São seres singulares
Elas se ligam a coisas
Músicas, luas, ritmos diários
Sinais da viagem feita
Evocam a ti e ao meu desejo.
Também tem memória tua
Em gestos do dia a dia
Na preparação de um bolo
Prato caprichado, chá na varanda.
Ou, então, em objetos deixados
Numa gaveta esquecida
Trabalhos por concluir
Na verdade, partes de mim
Demorando a sair de ti.
Esse falar das coisas passará
Ficarão memórias distantes
Não mais saudades tristes
Mas, pedacinhos do que foi belo.
Sem evocar recordações
É certo que as coisas empobrecem
Porque lembranças de um amor
São sempre um tipo de riqueza.
Sê feliz, ex-parceiro!
Te lembro nas coisas ao meu redor
Uma herança passageira
Que ainda traduzo em poema.

Aquarela do poente

Fim da tarde, um tom de cinza ganhou o céu
Feixes dourados coloriram lá e cá a paisagem
Duas garças voaram rumo ao abrigo da noite
E o pôr do sol as tingiu de prateado.
É terça-feira de uma semana confinada
O entardecer fez do céu tela passageira
Onde eu quis ver sinais do bem-querer
E nada vi, até que a noite encobriu a aquarela.
Do bem-querer guardo memórias sem retrato
As paisagens não dizem dele como antes
Há saudade, porém sem tom e sem desenho
Não coloriu o quadro deste entardecer.
Cinza e dourado, que notas trazem vocês ao meu poema?
Pensei ouvi-las: mesmo estando o ser amado hoje ausente
Se o amor valeu... um pouco dele está em cada sol poente.

segunda-feira, 4 de maio de 2020

Quarto minguante


Quarto minguante de um abril confinado
Passageiro fortuito na madrugada esquecida
Fio de luz roçando a pele
Floriu em cheio minha solidão.

Fio de luz iluminou-me a alma
E retomei de pronto a rota imaginária
Busquei o antigo destino de amor
O quase futuro de plenitude e encanto.

Fio de luar, ativador do sonho
Fio de luar, viajante do céu
A te olhar desejei de novo
O bem-querer que já se foi.

Espero a próxima lua nova, crescente, minguante...
Pois, se tristeza ao desejo se mistura
Quero ouvi-la a me dizer de novo
De todo amor o que foi bom perdura!