segunda-feira, 10 de outubro de 2011

Momentos do Círio e da cidade

Por ter esticado um pouco mais da conta a noite anterior, acordei mais tarde do que eu gostaria para ir assistir a passagem da Santa e curtir a cidade no seu dia mais especial.  O "núcleo da Berlinda" já estava terminando de passar pela Praça da República quando eu saí de casa e cruzei os onze quarteirões até alcançar a Dr. Moraes com a Nazaré. Consegui chegar alguns minutos antes da imagem passar por aquele cruzamento. Não consegui ver os anjinhos e nem promesseiros levando os objetos de sua promessa ou gratidão. Mas, no caminho, ainda consegui curtir um momento que adoro, que é experimentar as ruas do bairro cheias, um cenário oposto ao vazio demográfico dos domingos de manhã por estas bandas. Uma sensação imperdível. Muita gente andando, indo ou voltando da procissão. Andar sem medo ou desconfiança. Gente sem pressa, em grupos, em famílias. Uma oportunidade especialíssima de contemplar a diversidade social de Belém, que no dia a dia é uma cidade cindida. Fossos de infraestrutura e de condições de vida separam seus moradores. 

Quando a Santa passa, muitos braços se levantam em sua direção e seguem-se as palmas, numa "orquestração sem chefe de orquestra" nas palavras de um sociólogo, Pierre Bourdieu. A emoção do momento é arrebatadora. 

Eu estava posicionada a uma meia quadra da Av. Nazaré. Portanto, era um lugar onde quase não se escutavam as falas e cânticos dos alto-falantes da procissão. Assim, mais impressão causava aquela uniformidade à distância, aquela enorme reverência coletiva. Quantos são os pedidos, as promessas, os agradecimentos e os diálogos íntimos que cada um dirige à Santa e a si mesmo naqueles breves e mágicos instantes!

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Mais adiante, postei-me na Quintino com a Governador José Malcher, esperando para encontrar filhas e marido, de onde pude ver mais uma vez a Santa. Quando a procissão cruza a Quintino, entra no último trecho antes de chegar à Praça Santuário e, portanto, nesse local muitos romeiros já vão deixando a procissão. Eles formam levas quase ininterruptas de pessoas. Essas levas duraram até quase meia hora depois da passagem, dando uma pequena mostra do mar humano do Círio. 

Dirigi-me à Av. Nazaré a ponto de ver a parte final da procissão, uma corrente de policiais de um lado a outro da rua. Eles e elas tinham à frente os últimos romeiros e, logo atrás, uma grossa coluna de vendedores ambulantes com seus carrinhos de bebidas, comidas, em bicicletas ou empurrando seus carros a pé. Eram homens e mulheres de diferentes idades, no seu círio particular, que se somam à grande parcela de pessoas que têm naquele dia uma das várias fontes de renda com as quais se viram ao longo do ano.

  

2 comentários:

  1. Parabéns pela foto, pelo post e pelo dia de hoje. Você é "a" professora. Sinto-me honrada de ser sua discípula.
    Beijinhos

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  2. Pra você também, feliz dia, "a" profa, mãe, avó, blogueira mor.... bjs,

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