segunda-feira, 23 de maio de 2022

Sobre as mulheres na Páscoa

 “Por que procurais entre os mortos, aquele que está vivo? Não está aqui. Ressuscitou.” Essas palavras foram ditas a três mulheres que buscavam o corpo de Jesus no sepulcro: Maria Madalena, Joana e Maria de Tiago. Não é trivial terem sido mulheres as primeiras sabedoras do extraordinário evento e, logo, suas primeiras anunciadoras. Naquela sociedade absolutamente patriarcal, onde um depoimento de mulher tinha pouquíssimo valor de prova, por que justamente elas? Os Evangelhos, e a imensa maioria dos textos bíblicos, foram escritos por homens. Como analisou Timothy Keller (um teólogo que aprecio), para uma religião nascente, era pouco producente destacar mulheres como testemunhas primeiras da Ressurreição. A seu ver, esse fato contraditório, quase irracional, é justamente um elemento de prova do ocorrido. A força do anúncio se impôs à cultura da época.

Na perspectiva cristã, a Ressurreição inaugura o novo tempo, o novo caminhar da humanidade que se reencontra com o projeto original da Criação: igualdade, liberdade, criatividade, beleza... a serem desfrutadas em um Jardim!

Nessa tradição de fé, mulheres e homens são iguais em dignidade, direitos, potenciais... A concepção de poder é radical e dialética, pois ter poder é servir, função de amor. O Ressuscitado sempre acolheu todo mundo, de diferentes etnias, origens e posição social. Então, não seria o anúncio da Ressurreição às mulheres mais uma sabedoria de nossa civilização a respeito da igualdade de gênero? Mais um alerta contra nossa cultura de violência, em prol da alegria no respeito às diferenças que nos fazem humanos?

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