segunda-feira, 13 de junho de 2011

De namorados e outros dias festivos

Há muito tempo o dia dos namorados nada me dizia, salvo a atenção breve despertada pelas propagandas e pelas notícias que o associam com o santo casamenteiro, no dia seguinte. Mas, com uma filha que aniversaria 12 de junho e que está na fase de curtir o namoro, a data me tocou um pouco este ano. Então, pensei que como a data geralmente não diz respeito a quem está na vida a dois há tempos, talvez fosse oportuno criar um dia dos casados. Quem sabe dava uma "animada" nas muitas relações que caíram no hábito, um pouco tragadas pelos compromissos, pelos anos de estrada, que deixaram de lado carinhos especiais, a atenção com aquelas pequenas coisas, pequenas mesmo, como a aparência, os gestos, de repente um convite para sair a dois, uns elogios... É claro que essas coisinhas podem ter sido deixadas de lado em prol de substitutos de qualidade, como a amizade profunda, o companheirismo, o apoio, o incentivo e o sentimento de se ter constituído uma família, laços de enorme significação. O equilíbrio entre perdas e ganhos nessa trajetória é complexo, uma verdadeira construção pode-se dizer, com muita probabilidade de fracasso. O dia dos casados poderia ajudar não só o comércio, como também os casais que precisam de uma lembrança do valor dos atos simbólicos. A sociedade não dispensa seus símbolos, suas festas coletivas; a sociedade conjungal também, por que não? Mas, aí, também cabe pensar nos tantos e tantas que não casam, porque não quiseram ou não encontraram, ou se separaram e não acharam nova "alma gêmea"... E aí, como fica? 

Então, pode-se pensar em dias da amizade, que também é uma relação que requer cuidado, talvez ainda mais frágil, própria de certas etapas da vida, difícil de manter em outras. E um dia da vida? Seria um dia de agradecer e celebrar o fato de se continuar neste mundo; radicalizada, a idéia implicaria suspender as barreiras de classe, barreiras étnicas, barreiras de idade, pois estar vivo é uma dádiva, na qual entra uma dose de sorte, e não tem a ver com essas marcas de distinção social, a não ser pelas probabilidades diferentes de ser exposto à violência ou a doenças próprias da condição social. Esse dia da vida nos levaria a ver nos outros a mesma condição de humanidade e vulnerabilidade e a demonstrar esse reconhecimento; por 24 horas. Mas, como o comércio ganharia com isso? Como seria uma comemoração substantiva, fora do padrão um grande bolo em uma praça pública, chamada pelo governo local nos aniversários da cidade? Alguém dá uma idéia?

Feliz Dia de Santo Antônio para todos. Muita festa!

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