quinta-feira, 3 de janeiro de 2013

2013. Fios de esperança se renovam.

No Natal, na virada do ano, somos pródigos nos votos que dispensamos aos que nos são mais queridos, seja na família, no trabalho, no nosso local de moradia e mesmo a estranhos. Parece que a época faz relembrar nossa limitada capacidade de intervir sobre o futuro, por mais que se tenha riqueza e poder - afinal, uma doença pode estar à espreita, um acidente, um ato de violência, um amor que se vai... Portanto, nessa fragilidade essencial diante das incertezas e riscos, creio que somos na maior parte das vezes sinceros nos desejos que expressamos uns aos outros nestes dias. Não é só regra de cortesia. Mesmo que por instantes, somos genuínos na consideração pelos outros com quem dividimos a viagem da vida, no breve tempo que nos é dado viajar.

Apesar disso, como se deixar levar de coração leve pelo clima festivo e generoso se olhamos com um mínimo de atenção ao contexto social? De cara, a pobreza em meio à opulência rouba os direitos da maioria, explode em violência e corta a expectativa de vida e a possibilidade de esperança nos dias melhores para essa maioria. E não conseguimos emplacar projetos abrangentes para reverter esse curso inexorável da vida que é o oposto da generosidade. 

Mas, mesmo assim, o fiozinho de esperança fica, resiste e se renova todos os anos - que teimosia! Ele se expressa nos atos de tantos que agem em favor do próximo, na construção de um outro mundo. E é perceptível em mensagens como estas:

"O ano será novo se, em nós e à nossa volta, superarmos o velho. E velho é tudo aquilo que já não contribui para tornar a felicidade um direito de todos. À luz de um novo marco civilizatório há que superar o modelo desenvolvimentista-consumista e introduzir, no lugar do PIB, a FIB (Felicidade Interna Bruta), fundada na economia solidária e sustentável. [...]
Se o novo se faz advento em nossa vida espiritual, então com certeza teremos, sem milagres ou mágicas, um Feliz Ano-Novo, ainda que o mundo prossiga conflitivo; a crueldade travestida de doces princípios; e o ódio disfarçado de discurso amoroso". (Frei Betto, Feliz Ano Novo. Texto disponível em http://www.adital.com.br/site/noticia.asp?lang=PT&cod=73023. Acesso em 2 de janeiro de 2013).

E, em especial, nas mensagens do aniversariante de 25 de dezembro, há mais de dois mil anos. Uma delas foi resumida pelo Apóstolo Paulo em sua Carta aos Gálatas: "Não há mais diferença entre judeu e grego, entre escravo e homem livre, entre homem e mulher..." De fato, nesse referencial as desigualdades cediam lugar à condição de filhos e, portanto, de herdeiros de Deus, característica de todos. Por isso, arrematava ele: "Não nos cansemos de fazer o bem; se não desanimarmos, quando chegar o tempo, colheremos".


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