Essa frase é muito boa para pensar: O que se opõe à fé não é o ateísmo, mas o medo. O medo paraliza e isola as pessoas das outras pessoas. É de Leonardo Boff, em entrevista que consta no seu site.
Na nossa cidade, conhecemos o medo que isola as pessoas. Se não se cruzar diretamente com a fonte do medo, basta abrir o jornal. Esse medo também paralisa, embota a vontade e a criatividade. Um efeito mais grave é que ele reacende preconceitos e fomenta apartheids que não cabem mais na civilização dos direitos humanos e universais. Mas, no caminho que vamos trilhando, reforçamos o egoísmo como característica principal da organização social. E perde-se a fé na possibilidade de mudar essa organização, reformando o contexto. Assim, em Belém por exemplo, corre solta a expansão imobiliária orientada só pelos padrões do mercado, sem orientação coletiva ou visão da cidade como bem público das gerações presentes e futuras. A cidade cresce sob a lógica do cada um por si, conforme o que se tem, o que explica o desconhecimento do plano diretor.
Reagir coletivamente contra as fontes do medo parece impensável, tarefa inalcançável. E vai-se levando a vida, assistindo a propagandas de carro ou de bens de consumo fazendo de conta que não se sabe que não podem ser usufruídos como estão sendo mostrados. Ou planejando o programinha de lazer do fim de semana, torcendo para que saia tudo bem, tantos são os riscos... A grande fonte do medo, a desigualdade geral e duradoura, inscrita no modelo que consagra o usufruto de uns - indiferente à privação de tantos outros - essa fonte vai sendo mantida. E seus efeitos, sofridos ou pensados em silêncio. Mas, com certeza, pesando no coração de cada um.
Como introduzir a fé? Uma fé mobilizadora, estimulante da ação coletiva, da reação contra essa vida presa, frente a qual o sentimento geral é de impotência e de falta de sentido? Concordo que tradições religiosas que pregam a centralidade do amor ao próximo, do perdão, do sair de si e dar ao outro, lições sempre válidas, têm cada vez mais um lugar no conjunto de esforços para construir o "céu" neste mundo. Sobretudo, pelo amálgama que essas mensagens propõem entre o individual e o coletivo, entre a pessoa e sua sociedade, uma não se opondo à outra, uma precisando da outra. Mudar o mundo não dispensa mudar a si, tentar ser uma pessoa melhor. E, cada vez mais, as religiões expressam a noção da interdependência e interpenetração entre sociedade e natureza, revertendo a antiga hierarquia que representava os humanos no topo da criação e a natureza a seu serviço.
As perspectivas religiosas fertilizam a busca do genuíno interesse próprio na realização do interesse comum. A espiritualidade, portanto, contribui na construção do mundo novo, promessa aberta e cada vez mais possível nos dias de hoje. Meios materiais e intelectuais, pelo menos, não nos faltam.
Na nossa cidade, conhecemos o medo que isola as pessoas. Se não se cruzar diretamente com a fonte do medo, basta abrir o jornal. Esse medo também paralisa, embota a vontade e a criatividade. Um efeito mais grave é que ele reacende preconceitos e fomenta apartheids que não cabem mais na civilização dos direitos humanos e universais. Mas, no caminho que vamos trilhando, reforçamos o egoísmo como característica principal da organização social. E perde-se a fé na possibilidade de mudar essa organização, reformando o contexto. Assim, em Belém por exemplo, corre solta a expansão imobiliária orientada só pelos padrões do mercado, sem orientação coletiva ou visão da cidade como bem público das gerações presentes e futuras. A cidade cresce sob a lógica do cada um por si, conforme o que se tem, o que explica o desconhecimento do plano diretor.
Reagir coletivamente contra as fontes do medo parece impensável, tarefa inalcançável. E vai-se levando a vida, assistindo a propagandas de carro ou de bens de consumo fazendo de conta que não se sabe que não podem ser usufruídos como estão sendo mostrados. Ou planejando o programinha de lazer do fim de semana, torcendo para que saia tudo bem, tantos são os riscos... A grande fonte do medo, a desigualdade geral e duradoura, inscrita no modelo que consagra o usufruto de uns - indiferente à privação de tantos outros - essa fonte vai sendo mantida. E seus efeitos, sofridos ou pensados em silêncio. Mas, com certeza, pesando no coração de cada um.
Como introduzir a fé? Uma fé mobilizadora, estimulante da ação coletiva, da reação contra essa vida presa, frente a qual o sentimento geral é de impotência e de falta de sentido? Concordo que tradições religiosas que pregam a centralidade do amor ao próximo, do perdão, do sair de si e dar ao outro, lições sempre válidas, têm cada vez mais um lugar no conjunto de esforços para construir o "céu" neste mundo. Sobretudo, pelo amálgama que essas mensagens propõem entre o individual e o coletivo, entre a pessoa e sua sociedade, uma não se opondo à outra, uma precisando da outra. Mudar o mundo não dispensa mudar a si, tentar ser uma pessoa melhor. E, cada vez mais, as religiões expressam a noção da interdependência e interpenetração entre sociedade e natureza, revertendo a antiga hierarquia que representava os humanos no topo da criação e a natureza a seu serviço.
As perspectivas religiosas fertilizam a busca do genuíno interesse próprio na realização do interesse comum. A espiritualidade, portanto, contribui na construção do mundo novo, promessa aberta e cada vez mais possível nos dias de hoje. Meios materiais e intelectuais, pelo menos, não nos faltam.