quinta-feira, 18 de outubro de 2012

Gestão municipal de esquerda e de direita: diferenças?

Nestas eleições municipais cabe falar de direita e esquerda? São termos ultrapassados? As propagandas são muito próximas, prevalecem as imagens dos muitos abraços e da escuta ao eleitor, às vezes a fala ao pé do ouvido, componentes do atual marketing eleitoral. As plataformas de ação também não têm diferenças marcantes. Em alguns pontos, são idênticas. Todos querem atender necessidades básicas  de saneamento, macrodrenagem, saúde e educação. Não vão deixar a segurança e o transporte de lado.

Nesse quadro de poucos contrastes, que pontos definiriam as plataformas como de esquerda ou de direita?
1) Moralidade e competência técnica, não. São o mínimo que se espera, desde que se acredita na seriedade de propósitos dos candidatos e em sua genuína vontade de dar o melhor de si.
2) Transparência na administração, não. É uma exigência crescente da sociedade e cada vez mais factível com as tecnologias de informação e comunicação
3) Idéias e iniciativas inovadoras para atacar os problemas, também não. É imperativo diante da gravidade do quadro social.
 
Uma diferença, então, é que uma postura de esquerda, em tese, sublinha os direitos de cidadania e enfatiza a responsabilidade do Estado com eles, enquanto a linha de direita, ainda que introduza essa noção em seu vocabulário e sua prática, mantém a antiga referência à pessoa do político na obtenção dos recursos. Ele, por seus méritos pessoais, "traz" para a cidade os recursos para executar as políticas públicas. Ele, o sagaz, o fera! A linguagem dos direitos destaca, ao contrário, que a máquina estatal serve à sociedade, sendo a pessoa que a comanda e os que fiscalizam, agentes a seu serviço.  

Uma outra expressão das diferenças está na ênfase à participação popular na definição de políticas públicas; não aconteceu tanto em Belém, mas foi marcante em outras capitais brasileiras, a exemplo dos orçamentos participativos. É uma construção difícil, mas a meta é bonita, pois toma as pessoas, sobretudo as mais pobres, como sujeitos que também influenciam na condução da cidade. E, em tese, abre caminho para o planejamento da ação pública, para além dos mandatos.

Outra particularidade, a meu ver, é o reconhecimento da dívida social brasileira, que deve se traduzir na prioridade a ser dada em sanar essa dívida por parte da gestão municipal. O social em sentido amplo seria, então, a tônica de uma política de esquerda no contexto brasileiro, sempre na ótica dos direitos a serem respeitados e do combate às desigualdades. Ambas as candidaturas ao segundo turno em Belém são sensíveis a essa problemática, mas há  variação de ênfase. Fala-se dos "carentes" e "necessitados", ou dos muitos que são credores da cidadania que ainda lhes escapa? Em que proporção o fazem, os candidatos e seus aliados?

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