Dados de 2005, analisados por Stéphane Granger*, davam conta de que os brasileiros representavam cerca de 10% da população da Guiana.
Eram sobretudo migrantes "econômicos" conforme a classificação
comentada na postagem de 9 de março.
Essa imigração teve início com a construção do Centro Espacial de Kourou,
quando as autoridades francesas, diante da escassez de mão de obra local,
recrutaram, a partir de 1964, centenas de brasileiros, que em grande parte
ficaram na Guiana após o fim do contrato.
A eles foram se juntar milhares de outros compatriotas.
Uma operação franco-brasileira de repatriamento, em 1974, fracassou.
Os migrantes brasileiros estavam atrás em número apenas dos haitianos
e se caracterizavam pelos seguintes aspectos, segundo Granger:
- intenção de permanecer apenas o tempo de amealhar um pecúlio
e voltar para casa;
- mesmo após uma expulsão, muitos retornavam à Guiana;
- reputação de saberem "se virar" e de serem qualificados marceneiros,
carpinteiros navais, mecânicos, eletricistas, garimpeiros, pescadores,
artesãos, cozinheiros e em trabalhos diversos (neste caso sobretudo
aqueles em situação irregular);
- as mulheres, segundo dados oficiais, tinham taxas de ocupação inferior
às dos homens e sofriam mais com o desemprego;
- como no Brasil, a declaração de estar desempregado não impedia
de trabalhar "no que der certo".
Segundo a analista, um forte individualismo marcava essa comunidade
brasileira que se considerava de passagem na Guiana. Assim, seus
membros procuravam alcançar seus objetivos e
ir embora, o que redundaria em certa ausência de solidariedade.
Os haitianos, ao contrário, caracterizavam-se por solidariedade de grupo
e uma densa rede de associações.
* GRANGER, Stéphane. La population brésilienne en Guyane, entre affirmation
et intégration.
Revue Guaiana, Spécial Brésil. Novembre 2005.
Interessante o individualismo ser nossa característica. Isto mostra que estamos muito distantes da solidariedade...
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