Brasil ocupa o quinto lugar no ranking de violência contra a mulher. Parece
haver um ódio contra as mulheres. É um fruto da cultura machista e patriarcal, na qual há vontade de controle e dominação sobre as mulheres. A violência
se dá por ciúme, ressentimento, incapacidade de aceitar o fim do
relacionamento, de ouvir um não, vontade de usar o corpo, sentimento de posse
etc. Em suma, uma enorme dificuldade de enxergar a mulher como pessoa, com
livre arbítrio e autonomia.
Em parte, a violência contra a
mulher tem algo a ver com a formação do Brasil, muito marcado por
subjugação de categorias à margem da “boa” sociedade – indígenas, escravos, minorias, negros, caboclos, favelados, migrantes... E as mulheres aí foram duplamente
subjugadas! Essas categorias ficaram meio invisíveis, não vistas como
pessoas plenas, com direitos e deveres. Mesmo hoje, por exemplo, aceitamos que
os pobres no Brasil paguem proporcionalmente mais impostos que os ricos e
desfrutem menos da riqueza comum em serviços públicos e proteção social. É
nossa estrutura tributária regressiva que toleramos sem maiores problemas. A
subjugação do outro contamina as relações independente de classe
social. O preconceito está em toda parte.
Já que nunca assumimos plenamente
essa herança histórica e social de desigualdades, ela segue
minando a construção da nossa cidadania em pleno século XXI.
Agora, para enfrentar nossos elitismos, racismos, meritocracismos, machismos, exclusões... precisamos reconhece-los e entender o mal que nos fazem. Se não enxergamos os outros em sua inteireza, é porque também não enxergamos a nós mesmos como pessoas completas. Então, desenvolvemos uma falsa ideia de poder! É assim: eu não me basto, por isso recorro ao outro e me aposso do que nele me interessa e penso que falta em mim. Diminuo o outro porque também sou uma pessoa pequena. No Brasil, nós não desenvolvemos bem a noção de limites individuais, própria da cidadania liberal lá do século XVIII. Menos ainda entendemos o conceito cristão de ser humano!
Agora, para enfrentar nossos elitismos, racismos, meritocracismos, machismos, exclusões... precisamos reconhece-los e entender o mal que nos fazem. Se não enxergamos os outros em sua inteireza, é porque também não enxergamos a nós mesmos como pessoas completas. Então, desenvolvemos uma falsa ideia de poder! É assim: eu não me basto, por isso recorro ao outro e me aposso do que nele me interessa e penso que falta em mim. Diminuo o outro porque também sou uma pessoa pequena. No Brasil, nós não desenvolvemos bem a noção de limites individuais, própria da cidadania liberal lá do século XVIII. Menos ainda entendemos o conceito cristão de ser humano!
Então, o fator da violência que se
manifesta nas relações entre os sexos está de certo modo presente em tudo o que
faz do Brasil um país violento, a despeito de toda a modernização. A violência tem raiz na nossa formação como
sociedade de dominantes e dominados. Desenvolvemos, assim, uma visão truncada
de nós próprios e de outros, que nos faz enxergar outros como seres à
disposição. Resultado: discriminações de toda ordem! Pensemos, por exemplo, no
pedestre com dificuldade de locomoção que precisa atravessar certas
ruas nas grandes cidades brasileiras. Eles vivem o nosso “se vire” de cada dia!
Não o “pão nosso” de cada dia! Um olhar que não enxerga o outro, ou diminui o
outro, é um olhar de pessoa carente. Não me vejo pleno e muito menos vejo os
outros plenos, sobretudo quem é mais fraco que eu. Preciso controlar aquele que vai me preencher.
O machismo é uma forma de poder e, ao mesmo tempo, prova da incompletude que muitos homens sentem. Então, querem dominar a mulher para se sentirem um pouco mais inteiros. Não a tendo por
livre e espontânea vontade, usam, abusam, coagem, batem, até matam. É uma individualidade que parou na beira do caminho. Machos violentos são
pessoas truncadas!
Machismo violento é mais forte onde a cidadania e a democracia são fracas, caso do Brasil. O poder sobre a mulher se opõe absolutamente ao princípio cristão do poder como serviço. Só entende
poder como serviço quem está ciente de seu valor humano e, assim, transborda esse valor
para elevar outros seres humanos.
Precisamos falar claro sobre machismo e violência, sinais de nossa humanização incompleta!
Precisamos falar claro sobre machismo e violência, sinais de nossa humanização incompleta!
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