segunda-feira, 9 de abril de 2012

Sem tempo

Sem tempo para o blog, entre as atribuições do semestre, topo com essas palavras de Mario Quintana, que falam de sentimentos que com tanta frequência se experimenta. Elas falam, também, da força desse enredo nas vidas comuns. Que privilégio tem o poeta de conseguir expressar assim as contradições do ser!

A vida é uns deveres que nós trouxemos para fazer em casa./Quando se vê, já são 6 horas; há tempo.../ Quando se vê, já é 6ª feira.../ Quando se vê, passaram 60 anos.../ Agora, é tarde demais para ser reprovado.../ E se me dessem - um dia - uma outra oportunidade,/ eu nem olhava o relógio/ seguia sempre, sempre em frente.../ E iria jogando pelo caminho a casca dourada/ e inútil das horas. 


Eis que descubro um retrato meu, aos dez anos.
Escondo, súbito, o retrato. Sei lá o que estará pensando de mim aquele guri! 


Trechos extraídos da coletânea:
Mario Quintana; para viver com poesia. Seleção e organização de Márcio Vassallo. São Paulo, Globo, 2010. Trechos respectivamente das seguintes obras do autor: Esconderijos do Tempo e Caderno H.





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