Moro bem pertinho de uma rua de Belém que tem muitos bares ("barzinhos" como se dizia antigamente), pelo menos um dos quais uma "espetaria". A rua costuma engarrafar nas noites de sexta e sábado, tantos carros, transeuntes, mesas nas calçadas... Há vários anos esses bares passaram a dispor de aparelhos de TV e de telões que exibem eventos esportivos, o que é um poderoso atrativo para os consumidores e fazem a festa dos fornecedores de cerveja. As concentrações de fãs em dias de futebol já são velhas conhecidas. Mas, nos últimos meses, tenho verificado com frequência a exibição de lutas nos telões dos bares. Como minha experiência na noite belemense se limita quase sempre apenas a passar na frente dos bares, de carro, acho bizarra aquela combinação de casas cheias, gente bem vestida, muitos jovens, conversas alegres e, ao fundo, dois caras se batendo e se batendo. Num vislumbre rápido, parecem lutas livres, sem regras, o que aumenta meu espanto e me dá a sensação de que o gosto popular está caindo! Sensação elitista por certo.
Como a gente não deve dizer desta água não beberei, eis que nesta última sexta-feira, justamente noite da final de um campeonato da organização americana UFC no Rio de Janeiro (acabo de aprender alguma coisa da sigla), vi-me sentada em um bar até duas da manhã, assistindo a uma série estonteante de lutas de MMA (Artes Marciais Mistas), o tipo de lutas que eu pensava ser de vale-tudo, mas que tem lá suas regras. Ainda acho que devia ter mais regras, acho que não se devia bater na cabeça, por exemplo. O Vitor Belfort saiu com um olho tampado. Mas enfim, não é a total liberdade. A força física necessária é fenomenal. A rápida sucessão de lutas em um campeonato da importância daquele, como pude compreender, não deixava ninguém indiferente. Ao contrário. A gente ia se envolvendo, mesmo que de início não pretendesse olhar.
A estranheza de observadora de fora, crítica daquela junção esquisita de diversão e luta, se dissipara e eu me vi então participando do ritual com todas as suas etapas, inclusive as conversas no dia seguinte sobre os momentos marcantes das lutas. Como se fosse futebol, muita gente assistira à luta e queria compartilhar suas observações. E eu até senti pena que não tivesse sido dia de luta do paraense Machida, que eu nunca vi atuar. Pelo menos dois brasileiros se destacaram, inclusive o que manteve o cinturão de primeiro lugar.
A estranheza de observadora de fora, crítica daquela junção esquisita de diversão e luta, se dissipara e eu me vi então participando do ritual com todas as suas etapas, inclusive as conversas no dia seguinte sobre os momentos marcantes das lutas. Como se fosse futebol, muita gente assistira à luta e queria compartilhar suas observações. E eu até senti pena que não tivesse sido dia de luta do paraense Machida, que eu nunca vi atuar. Pelo menos dois brasileiros se destacaram, inclusive o que manteve o cinturão de primeiro lugar.
No fundo, não nos distanciamos dos nossos antepassados de muitos séculos na apreciação de competições violentas. A isso somamos um gostinho de ver se destacando no certame alguém da nossa região. Desta vez, o amazonense José Aldo. Antes que eu me deixasse levar por uma euforia descabida, um espectador da mesa vizinha arrematou: o único defeito dele é ter nascido em Manaus!
Bairrismo, sempre, kkkk Vivi adoro essas lutas e acompanha há muito tempo, quando não era moda. Eu continua elitista. Não gosto de pancadaria: nem de assistir e nem de apanhar.
ResponderExcluirMas adoraria ter curtido o barzinho, kkkk
http://diariodeumamulherdespeitada.wordpress.com/2012/01/14/quando-chegar-a-hora-do-verdadeiro-adeus/
Então a gente pode combinar um barzinho com um visual de fundo melhor, se possível com dança e afagos.
ResponderExcluirBem, compartilho da opinião da Ida Lenir. Talvez por não ser muito forte (rs), não me aventuro ao espetáculo. Nem para assistir. Assisti apenas aos comentários no dia seguinte. Não sei porque, mas me lembra aquelas arenas que costumam aparecer em filmes que retratam a Roma Antiga. Mas a combinação bares e telões é perfeita para atrair consumidores em potencial de bebidas com álcool. E, preferencialmente, de jovens que trazem um pouco mais de dinheiro nas carteiras...
ResponderExcluirOlá Geldes, no fundo eu não gosto daquela exposição gratuita de brutalidade. Só que, assistindo, a gente acaba envolvido e isso me surpreendeu. Eu acho o judô bem mais interessante. Além da postura de respeito incondicional pelo adversário que o ritual da luta exige, praticamente não há ferimentos ou lesões graves no judô.
ResponderExcluirQue lindo texto! Como contra dom, te ofereço o meu apreço.
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